Tudo leva a crer que anteriormente à fundação do convento tenha aí existido um local de culto que os portugueses conheciam por Sta. Maria da Ínsua, e os espanhóis designavam por Sta. Maria de Carmes, o qual poderá ter tido origem em algum altar de sacrifícios utilizado antes da expansão do cristianismo. Esta ermida tinha um ermitão e a sua festa realizava-se a 8 de Setembro.
Com o Cisma do Ocidente em 1378, o Reino de Castela encontra-se do lado do Papa de Avignon, Urbano VI, enquanto que alguns religiosos asturianos e galegos conseguem a autorização de Bonifácio IX, a 6 de Abril de 1392, para se instalarem em Portugal. No caso de Caminha foram os franciscanos da observância menorita, nomeadamente Frei Diogo de Árias, que fundou o convento de Sta. Maria da Ínsua que obras do convento iniciaram-se no mesmo ano.
Em 1441 os religiosos do convento ficam isentos de tributos relativos à casa que tinham na vila, em Caminha, e é-lhes concedido o direito da recolha da concha, que servia para o fabrico de cal dos franciscanos. Estes e outros direitos que lhes vieram a ser concedidos, embora que sempre contestados por varias entidades, mas sucessivamente confirmados pelo poder politico e pelo poder régio.
Em 1448 são concedidos novos privilégios por D. Afonso V, e em 1464 faz mercê do senhorio de Caminha a D. Henriques Menezes. Mais tarde em 1471, e após ter tido por algumas vezes apenas dois frades a viver no convento, têm lugar as primeiras obras de reedificação, visto que o convento não reunia as condições adequadas para se viver, mesmo fazendo apologia à filosofia de pobreza Franciscana. Estas obras consistiram na construção de novas celas e na melhoria da capela e da casa. Após esta data dá-se uma grande projecção do convento, com a entrada de muitos religiosos, entre os quais Frei André da Ínsua que chegou a ser Geral da Ordem. No mesmo período, testemunhando uma época de prosperidade e de grande apoio, o convento recebeu a visita dos senhores de Caminha, o governador de Ceuta, e a própria família real.
Em 1580, numa atitude de apoiar a causa filipina, a armada galega ocupa o convento. Mais tarde em 1602, o convento é atacado por corsários Ingleses sendo novamente saqueado em 1606 por piratas Luteranos de La Rochelle. Na sequência destes ataques, muitos religiosos abandonaram o convento, e em 1623 regista-se que o convento teria apenas dois frades.
O ano de 1618 é marcado pelo início da construção de um outro convento para os frades na vila de Caminha, que termina em 1631 – o convento construído para os frades franciscanos ainda hoje existe, pertencente à Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, designado como convento de Sto. António – originando uma época de quase inexistência da actividade no convento da Ínsua, que viria a ser de imediato retomada por solicitação do duque de Caminha, D. Miguel Menezes, e do próprio povo caminhense. Após a restauração, e na sequência da conspiração contra D. João IV perpetrada pelo Marques de Vila Real, este é executado em 1641, ao lado do seu filho. O senhorio da vila de Caminha e o convento passaram assim à tutela da casa régia portuguesa.
Entre 1649 e1652 tem lugar a construção do Forte sob ordem de D. Diogo de Lima, Governador das Armas da Província do Minho, com a função de proteger a entrada da barra do rio Minho e também proteger o próprio convento de outros ataques por corsários. Assim inicia-se a longa e difícil coexistência entre os frades e os soldados.
Em 1676 o convento sofre, novamente, obras de reedificação com a construção em piso elevado de dormitório com cinco celas, até a esta data o convento era térreo. Pouco anos depois, em 1717 D. João V oferece 200$000 reis para reedificação da igreja, com tecto de abóbada de pedra e coro alto, obras estas que só ficam concluídas em 1767 quando se fazem novas celas, sala do capítulo e retábulo do altar.
Após a revolução francesa e com a eminência de guerra o Forte sofre obras de reparação e o convento uma pequena remodelação, entre 1793 e 1795, os franciscanos abandonam provisoriamente o convento. Durante as invasões francesas o Forte foi ocupado pela armada espanhola. Anos mais tarde, em 1834 as ordens religiosas foram extintas e o convento é integrado no património nacional, enquanto que o Forte continuou sob a alçada dos militares até ao ano de 1940, quando o Ministério da Marinha entrega o Forte ao Ministério das Finanças.
Entre 1954 a 1957 o convento sofre obras de conservação. Reconstrução de um rombo no lado sul da muralha, telhados e paredes do corpo do antigo convento. Construção de duas portas nas entradas. Mais tarde, em 1967 a 1975 reparação de telhados e caixilharia e trabalhos de restauro e consolidação. Conservações: reparação geral dos telhados da igreja e consolidação dos elementos existentes no claustro. Na década seguinte – 1984 a 1986 – dá-se lugar um melhoramento das coberturas e muralhas. Finalmente em 1998 até 2001 diagnóstico do Instituto Português Arquitectónico para a conservação e consolidação dos paramentos das fortificações. Conservação e consolidação dos paramentos do Forte, reparação das patologias provocadas pela agressividade do meio ambiente marítimo, consistindo na consolidação de panos de muralha (recalcamento e coroamento); reconstrução e preenchimento de lacunas coroamento da muralha; limpeza e das juntas e consolidação destas. Limpeza de vegetação.
Texto: Laurent Fernandes (Historiador de Arte)
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