António Pedro (1909 - 1966)
Artista plástico e escritor português, natural da Cidade da Praia, Cabo Verde. Durante a sua formação universitária, frequentou as Faculdades de Direito e de Letras da Universidade de Lisboa, tendo ainda ingressado no Instituto de Arte e Arqueologia da Sorbonne, em Paris. Revelando desde cedo a multiplicidade dos seus interesses, que o iriam levar, ao longo da vida, a ligar-se a diversas actividades na esfera cultural, António Pedro dedicou-se à pintura, nas décadas de 30 e 40, e à cerâmica, a partir de 1950, altura em que se retirou para Moledo do Minho, aí vivendo até ao final da sua vida.
A sua obra plástica e literária é marcada significativamente pelo surrealismo. António Pedro participou activamente no Grupo Surrealista de Lisboa, a partir de 1947, dando origem a obras de feitura colectiva (o cadavre exquis, prática estabelecida pelos pintores surrealistas franceses). António Pedro expôs pela última vez, com o grupo surrealista, em 1949. Nesse mesmo ano passou a dirigir o Teatro Apolo. No ano seguinte, começou o seu envolvimento mais pleno na actividade teatral, como director, figurinista e encenador do Teatro Experimental do Porto, actividades que desenvolveu entre 1953 e 1961. Paralelamente, dedicou-se a um trabalho teórico como ensaísta e crítico de arte. Tendo produzido regularmente crónicas para a BBC, em Londres, na década de 40 (actividade que o levaria a contactar com o grupo surrealista inglês), fundou a revista Variante e colaborou com outras publicações periódicas, como Unicórnio, Mundo Literário e Aventura. A sua produção literária repartiu-se por diversos géneros. Como poeta, publicou Os Meus Sete Pecados Capitais (1926), Ledo Encanto (1927), Distância (1928), Devagar (1929), Máquina de Vidro (1931), Primeiro Volume De Canções e Outros Poemas (1936), 15 Poèmes au Hasard (1936), Onze Poemas Líricos de Exaltação e Folhetim (1938) e Casa do Campo (1938).
A sua produção literária mais marcada pela prática surrealista inclui textos como «Apenas uma Narrativa» (1942) e «Protopoema da Serra d'Arga» (1948). Participou ainda em produções colectivas, na altura em circulação através de edições impressas como Contraponto e Antologia (1958), Afixação Proibida (1953) e Antologia Surrealista do Cadáver Esquisito (1961, organizada por Maria Cesariny de Vasconcelos). Como dramaturgo, António Pedro deixou publicadas Desimaginação (1937), Teatro (1947) e Andam Ladrões Cá em Casa (1950), a que se juntaram algumas obras teóricas como Pequeno Tratado de Encenação (1962).
A sua obra de pintura, em grande parte desaparecida no incêndio que destruiu o seu atelier, encontra-se representada no Museu do Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian.
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